TEMA COLAGENS
Título: Medos Inconscientes
Tamanho: 41 x 33 cm, colagem analógica
Valor: R$500,00
Para maiores informações, CLIQUE AQUI
TEMA COLAGENS
Título: Medos Inconscientes
Tamanho: 41 x 33 cm, colagem analógica
Valor: R$500,00
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TEMA COLAGENS
Título: Vazio Humano
Tamanho: 41 x 33cm, colagem analógica
Valor: R$500,00
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Por: Rogério Zola Santiago (Mestre em Crítica, Indiana University USA)
Fotos: Gilson Carvalho
Revista: EXCLUSIVE, setembro de 2021, #100
A relação entre o crítico de arte e a artista pode começar no primeiro contato dele com determinada imagem pintada por ela sobre uma superfície. Antes do contato interpessoal. Nas obras analisadas, cala fundo, de forma suavizada e, ao mesmo tempo, contundente, a profundidade da cor, o misterioso envoltório dos seres por sombras e luzes que rumam, voam ou nadam sem sons audíveis a nós. Sem destino
certo, numa alusão à própria Humanidade, esses seres mágicos seguem sua rota migratória na areia, no ar, sobre ou dentro d’água de rio, oceano ou lago. Pode ser savana fechada. Floresta tropical pegando fogo. A conexão se dá entre observação especializada e Arte também no terreno Memorial etéreo aquoso, espiritual, movediço, arenoso, amálgama de nome Alma, Âmago ou Sentido.
Engenheira Ambientalista Mara Ulhoa se preenche, desde os primórdios, da motivação ecológica mesclada a conceitos humanísticos. Ela pinta o silêncio dos bichos que ainda se reproduzem, brincam, cuidam de seus filhotes que vão falar sem os sons dos homens, das mulheres, das crianças. Sua mensagem pode ser de Adeus. Sortudos os que desse surdo pedido por socorro se apercebem, na possibilidade Divina. Em sua rota migratória por nós interrompida, pairam elefantes, adejam caranguejos e deslizam águas-vivas na agridoce lembrança de sua passagem pela Terra. Há, sim, a possibilidade de uma definitiva extinção.
Mara Botelho Ulhoa é do Norte de Minas, Paracatu, cidade perto de Brasilândia. Rio Paracatu que passa, levando lembranças indígenas e animais como o quelônio cágado, primo das tartarugas e dos jabutis. Possui formação profissional em Engenharia Ambientalista e Artes Plásticas, com especialização UEMG/Guignard em Artes Plásticas e Contemporaneidade, e Gestão Ambiental, pela FUMEC, onde também se formou em Engenharia Civil. Palavra da artista: “Espero contribuir para reflexões sobre Questões Ambientais, Urbanas e sobre o Feminino.
Minha infância foi repleta de experiências no hoje ameaçado ‘Planeta Azul’.
Ninhos, Migração, Movimentos na Natureza e Paisagens estão entre meus temas realizados em desenho, mosaicos, pintura (óleo, acrílica, aquarelas) e colagens. Os surrealistas Salvador Dali e Magritte me encantam. E reflito por meio desta fase de colagens, em que uso pedaços de mim em trabalhos reflexivos: será que após esta pandemia, que já levou embora cerca de 600 mil brasileiros, estaremos aptos a compartilhar um mundo melhor?”. Mara Ulhoa, 2021
Notem o olhar desta ave pré-histórica que faz lembrar o violento Casuar, descendente dos dinossauros (como todas o são). Bem colocada, de modo inusitado como requerem as Artes Moderna e Contemporânea, no meio de uma parafernália urbana, a gigantesca voadora, em insurreição, parece questionar-nos sobre o caos urbano. Lá embaixo, está encalacrado um teatro absurdo de lata, poluição sonora e atmosférica, por ora, sem solução. Imagem bela e informativa. Trágica e sublime, por Mara Ulhoa
Poluição do ar, do mar, do solo. Por ignorância ou ganância, substâncias assassinas do ambiente são nele inseridas provocando efeitos negativos e acabando com seu equilíbrio. Resultam cruéis danos à saúde humana, aos seres vivos e aos ecossistemas. Será que a humanidade falhou? É um processo suicida a curto, médio e longo prazos. Louvável é a opção da grande artista Mara Ulhoa, defensora dos animais e da transitoriedade vital do Planeta que tem de ser deixado em Paz. Ela estudou, pesquisou e fez pós-graduação sob a “guidance” do também pintor Sebastião Miguel (em breve aqui, destaque na Exclusive). Nesta imagem temos beleza natural e latinhas no fundo do mar. Quem será que as jogou lá? Lastimável!
A pintura de Mara Ulhoa adentra profundezas em suas várias fases. Inclusive a das colagens nas quais a artista plástica recorta as próprias obras, reciclando-as em formatos além do real, surreais, dando aos observadores exigentes a visão da releitura instrutiva. Educar é fazer repensar já dizia a primeira Arte Educadora de Minas, Arlinda Corrêa Lima (este que lhes escreve foi aluno dela nos anos 1960, nos porões do Instituto de Educação). Urge reavaliar nosso tempo presente rumo a um futuro melhor para todos e todas. Ulhoa, em 2021, assim como fez Arlinda, nos sugere a prática reconstrutiva em busca de Salvação.
Grita e canta esta menina
asiática de pé numa poltrona vermelha (ex-luxo) localizada num lixão. “Que um dia criança nenhuma (alguma) tenha mão serva do lixo”.
Thiago de Mello exorta as elites do mundo a compartilhar seus projetos, praticando a inclusão pedida por Jesus, Buda, Maomé e todos os mais de 600 profetas islâmicos.
“Vinde a mim as feras e as crianças.” Mara Ulhoa adere-se a esta meta pois, haja vista sua migração do Interior à Capital, bem conheceu o que acarreta as mudanças. O seu primoroso uso de cor é fenômeno tanto da ideia bondosa quanto da mensagem sustentável à Arte incorporada. A artista pinta cenários da interação afetuosa com mestria técnica.
Seres humanos também padecem a migrar para terras distantes, fugindo de conflitos econômicos e políticos que deviam ser
evitados. Detalhe do belo quadro “A Travessia”.
Silêncio marinho marulha
perguntas e sussurra traços de luz. Mara Ulhoa em trânsito. Obra acrílica sobre tela, 2021. Merece moldura dourada do Arnaldoh Martiinz.
Menininha indígena beira-mar acena para você. “Até quando terá que esperar?”,
pergunta-nos…
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Minhas primeiras inserções na Arte se deram através do desenho, que desde a tenra infância fez parte de meus registros pessoais. Na ausência de um orientador mais próximo, ou de um familiar que tivesse intimidade com as artes, eu procurava desenhar figuras que via em livros, quadriculava as imagens e as reproduzia de forma quase perfeita.
Nasci em Paracatu, no interior do estado de Minas Gerais, onde vivi uma infância impregnada de sentidos do belo e do natural, num tempo em que se pensava a natureza de forma inesgotável e plena. O contato com a natureza era algo corriqueiro e permanente, visto que nossa vida se dividia entre a pequena cidade e a fazenda de meus pais, um lugar longínquo e de difícil acesso, que me deixou fortes lembranças. Lá, costumávamos passar os períodos de férias escolares, quase como uma obrigação, o que roubava em muito o que poderia ser poesia. Mas foi um tempo feliz, de paz e de liberdade.
Não havia museus nem eventos culturais na cidade, e como não costumávamos viajar para outros lugares, as perspectivas de crescimento artístico e cultural para uma garota rebelde e cheia de sonhos como eu eram limitadas. Mergulhava em livros, gostava dos poemas de Fernando Pessoa, Clarice Lispector e admirava as obras dos artistas da MPB da época – Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Betânia e outros. Era das mais estudiosas de uma turma meio perdida e num tempo de “quase silêncio” em relação a tudo o que acontecia ao nosso redor, como resultado de um governo militar e ditatorial.
Sempre me encantei com as ciências exatas, herança de minha mãe, que era professora de Matemática, e de meu pai, que se lamentava por um curso de Engenharia incompleto. Daí, talvez, minha opção pela Engenharia como primeira profissão, embora dividida entre esta e o sonho das Artes Plásticas. Mais tarde, a Matemática me ajudou nos desenhos de figuras humanas e naqueles que demandavam conhecimento sobre perspectiva e outros recursos importantes nas artes visuais.
Atuei como Engenheira Civil por muitos anos em Belo Horizonte, numa empresa estatal, onde tive a oportunidade de acompanhar, em grande escala, a formação das áreas de aglomerados humanos que se formavam numa cidade em crescimento vertiginoso, o que me aproximou da Engenharia Ambiental, na qual me especializei.
Em 1995, matriculei-me no curso de graduação em Artes Plásticas pela Escola Guignard-UEMG, mas não o completei. A profissão de Engenheira e as obrigações pessoais e familiares falaram mais alto naquela época e, somente depois, em 2011, quando me aposentei, consegui me dedicar inteiramente às artes.
A temática ambiental e urbana dominou a maior parte do meu trabalho artístico, claramente influenciado pela experiência na Engenharia e por lembranças de uma infância vivida num quase oásis ambiental, além de outras digressões, próprias de uma mulher sensível e atenta às enormes desigualdades existentes em seu país.
Minha manifestação nas artes se deu de forma questionadora. Muitas das minhas criações passam por reflexões sobre o nosso tempo, seja quanto às questões ambientais e urbanas, seja às relativas ao ‘feminino’, numa época de grandes transformações e conquistas, mas ainda de muito atraso, em se tratando de questões de ‘gênero’. Algumas séries dessa temática ambiental foram acontecendo ao longo de minha trajetória, como as que intitulei “Reflexões Ambientais” (Fig. 1 e 2), “Ninho Ameaçado” (Fig. 3 e 4) e “Paisagens” (Fig. 5 e 6).
Quanto às migrações especificamente, foi por admirar tanto as borboletas e suas metamorfoses que me deparei com a rica e curiosa história migratória das espécies “Monarca”. A história desse inseto é cheia de desafios: a partir de um lagarto ele se torna um ser maravilhoso e frágil, com uma vida breve e intensa. Penso que o amadurecimento do ser humano se aproxima em muito disto: sair do casulo, abrir-se para o mundo e estar disposto a viver por uma causa.
Depois das borboletas, interessei-me por movimentos similares que ocorrem com outros animais mundo afora, de forma igualmente curiosa e mesmo espetacular, surgindo daí a série “Migrações de Animais” (Fig. 7, 8 e 9), à qual estou-me dedicando há três anos.
As migrações fazem parte do ciclo de vida dessas espécies. Elas acontecem em determinadas épocas do ano e por várias razões. Minha pesquisa busca observar tais movimentos e traduzi-los pictoriamente: mostrar como se organizam, suas motivações, as lições aprendidas e principalmente a beleza plástica.
Meu objetivo central não é desenvolver uma tese sobre questões de preservação ambiental, já tão ricas de estudos acadêmicos, mas situa-se na representação desses agrupamentos, nas nuvens cromáticas produzidas por suas movimentações, no impacto visual que causam na natureza, alcançando as questões geopolíticas, que são interessantes e me levam a pensar sobre as migrações de humanos e suas semelhanças com as dos animais ditos irracionais.
Nesse passo, encontro a mim mesma, uma migrante vinda de Paracatu para Belo Horizonte com 15 (quinze) anos de idade, trazendo na bagagem as lembranças do interior e vivendo as dificuldades de uma cidade grande, numa região cada vez mais sofrida pela degradação ambiental, em especial pela mineração, cuja exploração tem sido feita de forma predatória e cruel.
Morando em Belo Horizonte, deparei-me com muitos outros migrantes. Era difícil encontrar uma pessoa nascida e crescida na Cidade; a maioria vinha do interior, de várias partes das Minas Gerais. Dessa forma, convivi com as questões migratórias desde muito cedo: dificuldades de adaptação, de deixar entes queridos para trás, de sempre voltar à terra natal para rever amigos e reviver lembranças, de preconceitos havidos e de não se sentir pertencente ao lugar. Hoje, depois de tantos anos, Belo Horizonte já faz parte da minha história, já carrego amor por suas paisagens belas, mas, infelizmente, em franca degradação ambiental.
TEMA AMBIENTAIS
Título: Pássaros
Tamanho: 60×100 cm
Ano: 2016
VENDIDO
TEMA AMBIENTAIS
Título: Joaninhas
Tamanho: 40 x 40 cm
Ano: 2016
VENDIDO
TEMA AMBIENTAIS
Título: Migrações de Borboletas Monarcas
Técnica: Óleo Sobre Tela
Tamanho: 40 x 50 cm
Série: Seres que Migram
Ano: 2016
VENDIDO